Nosso segundo dia em Paris seria dedicado à “flanar”…
A ideia era ir a pé de Montmartre até a île de La Cité, mas resolvemos nos desviar um pouco do caminho mais reto para conhecer alguns outros pontos de Paris. Assim, entramos no Boulevard de Bonne Nouvelle e passamos pela Porte Saint-Denis, um dos dois arcos do triunfo construídos em 1672 em homenagem ao rei Luís XIV nos lugares onde ficavam os portões de Paris na época de Carlos V. O outro arco é a Porte San-Martin, que fica duas quadras mais à frente.
Porte Saint-Denis |
Porte Saint-Martin |
Antes mesmo de chegar no segundo arco viramos no Boulevard de Sébastopol, em direção ao centro Georges Pompidou. No caminho, passamos pela Igreja Saint-Nicholas-des-Champs, que parecia estar em reforma. Da igreja, na direção da Rue San Martin, pudemos ver o segundo arco ao fundo. Passamos pela igreja e descemos até o Pompidou pela Rue Beauborg. Aliás, como soube depois, os parisienses não o chamam de Centre Georges Pompidou, costumam chamar apenas de Beaubourg.
O Pompidou é um espaço polivalente composto por um museu com uma das maiores coleções de arte moderna e contemporânea do mundo, uma biblioteca e espaços dedicados à musica e ao cinema. Com uma concepção original do espaço, este centro cultural foi uma revolução na área da arquitetura. Todos os canos e tubos são externos e visíveis. Os condutos de água são verdes, os da climatização são azuis, os elétricos amarelos e os elevadores e o sistema antifogo são vermelhos. O resultado é um visual tecnológico-futurista por fora e um espaço interno inteiramente livre e aproveitado da melhor forma possível.
Com ótimas exposições temporárias, o Georges Pompidou sempre foi considerado um dos monumentos mais democráticos de Paris.
O Centre Georges Pompidou |
A entrada para a torre não fica na fachada frontal, mas em uma pequena porta do lado esquerdo, na Rue du Cloître Notre Dame. Na fila havia gente do mundo todo e eu me divertia e passava o tempo ouvindo e tentando determinar o idioma que falavam. Em determinados momentos uma garota em silêncio, porém atenciosamente, passava pela fila entregando folhetos coloridos. Quando passou por mim sorriu e perguntou com apenas uma palavra: “Brasil?” Acenei que sim e ela me entregou um folheto amarelo com informações em português sobre a catedral. Foi então que me dei conta que para cada língua havia uma cor diferente de folheto e a menina pacientemente passava pela fila identificando o idioma e entregando o folheto correspondente para cada pessoa. Pequenas coisas assim me fizeram aos poucos mudar aquela ideia de que os franceses são chatos e mal-humorados.
Detalhes da Catedral de Notre Dame |
Enquanto esperava, fiquei observando e fotografando os diversos detalhes da construção: gárgulas, colunas, esculturas, vitrais… Uma hora e meia depois eu passava pela estreita porta. E então já não estava mais na Paris de 2009 e sim no meio do romance de Victor Hugo.
Primeira parada - A entrada da sala superior... |
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... e as visões fantásticas da torre... |
Ainda naquele nível, passamos por uma pequena entrada e a paisagem mudou completamente. Escadas de madeira davam acesso aos sinos da catedral. Antes da Revolução Francesa, Notre Dame tinha 20 sinos famosos no topo das torres norte e sul. Em 1789, todos os sinos foram derretidos para a fabricação de canhões. Depois, em 1856, Napoleão 3º ofereceu quatro novos sinos, que são os que existem até hoje. Mas nem todos sucumbiram à sanha dos revoltosos. O grande sino Bourdon Emmanuel, de 1681, que está pendurado na torre sul e é considerado um dos mais belos da Europa, foi preservado. E era ele que estava na nossa frente quando terminamos de subir as escadas de madeira. Hoje o Boudon Emmanuel toca apenas em grandes celebrações religiosas como a visita de papas, funerais presidenciais e comemorações. Quando o Papa João Paulo 2º morreu em 2005, aos 84 anos, o sino tocou 84 vezes. Os outros são chamados de Angelique-Françoise, Antoinette-Charlotte, Hyacinthe-Jeanne e Denise-David, e todos eles ficam na outra torre. Ver aquele sino gigante de 13 toneladas, pendurado há mais de 300 anos naquelas estruturas de madeira, era algo surreal. Poderia acreditar que, a qualquer momento, o próprio Quasímodo iria aparecer naquela sala. Quando estávamos saindo de lá, um dos sinos da outra torre começou a bater, e isso nos proporcionou um clima todo especial naquele momento.
O Bourdon Emmanuel |
O Rio Sena |
A Basilique du Sacré Coeur |
Torre Eiffel e a cúpula dourada da Catedral dos Inválidos |
A Torre Montparnasse |
Palácio da Justiça e a Sainte Chapelle |
Detalhes do interior |
Inspiração |
Tesouros de Notre Dame |
Depois do passeio pela Notre Dame e voltando ao presente, decidimos continuar nossa aventura por Paris no cemitério de Pére-Lachaise. Como era muito longe e já tínhamos andado bastante, pegamos a linha 4 do metrô até a estação Réaumur-Sébastopol e, de lá, a linha 3 até Pére-Lachaise.
O cemitério de Pére-Lachaise é o maior de Paris e um dos mais famosos do mundo. Lá estão sepultadas personalidades como Balzac, La Fontaine, Proust, Cyrano de Bergerac, Oscar Wilde, Delacroix, Modigliani, Comte, Maria Callas, Chopin, Édith Piaf, Jim Morrison, Rossini, Marcel Camus, Allan Kardec e Yves Montand, entre muitos outros. O cemitério é gigante e logo na entrada há um mapa que ajuda a localizar os túmulos mais famosos. Minha curiosidade maior era conhecer o túmulo de Oscar Wilde, tombado como patrimônio histórico da França. Por muitos anos, fãs que visitaram o cemitério Pére Lachaise homenageavam o dramaturgo irlandês beijando e deixando marcas na escultura. Quando cheguei lá, havia milhares de marcas de batom e mensagens cobrindo a parte inferior do túmulo. Na sua base havia também vários bilhetes que os fãs do escritor deixavam. O túmulo foi restaurado e reinaugurado em 2011 sem as marcas de batom e com um vidro para protegê-lo da sanha de seus fãs. Mas a visão da escultura crivada de beijos era agradavelmente surreal. Andamos quase duas horas por lá e depois de visitarmos os túmulos de Wilde e Piaf, nos juntamos a uma moça alemã para procurar o de Jim Morrison. Este, que parecia ser o mais protegido, tinha uma grade que evitava a aproximação do túmulo e também uma segurança que ficava observando bem atenta todos os que se aproximavam dele.
Túmulo de Oscar Wilde |
Flores e bilhetes ao bardo irlandês |
Túmulo de Édith Piaf |
Túmulo de Jim Morrison |
Visitamos a igreja de Saint-Sulpice, famosa na época pelo livro “O código Da Vinci” de Dan Brown, para conhecer o gnomon e sua linha rosa. De lá andamos pelos jardins do Luxemburgo e as ruas de suas imediações, onde ficariam as residências de D'Artagnan e os três mosqueteiros de Alexandre Dumas. Passamos pelo Palácio dos Inválidos e rumamos para o Champs de Mars e a Torre Eiffel. Pra variar, havia uma fila enorme para subir à torre.
Como já estava quase no final da tarde e queríamos ainda visitar o Louvre, passamos apenas por baixo dela e seguimos em frente até o Trocadéro. Construído no pico da colina de Chaillot, o Trocadéro encontra-se em frente ao rio Sena e da sua esplanada tive a visão mais bonita da Torre Eiffel. A vontade que dava era de ficar por lá até a tarde cair por completo, mas seguimos o nosso caminho, beirando o Rio Sena, até o Louvre.
A Torre Eiffel vista do Champs de Mars... |
... vista de baixo... |
... e vista da esplanada do Trocadéro. |
Chegando no Louvre, tivemos uma surpresa desagradável. O Museu abria diariamente das 9 da manhã às 6 da tarde, “exceto nas terças-feiras”… ou seja, tentamos visitar o Louvre justamente no único dia que ele não abre… Só nos restou conhecer o Carrousel du Louvre, o shopping que fica no subterrâneo abaixo da pirâmide e onde se encontra também a famosa pirâmide invertida.
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