Chegamos na Casa Lapostolle com pouco menos de meia hora de antecedência, registramos o nosso pedido para o almoço e ficamos na sala de recepção das uvas aguardando o início da nossa visita. Enquanto nosso guia não chegava, observamos o trabalho das mulheres que debulhavam os cachos e selecionavam as uvas. A recepção das uvas é feita no platô onde fica a entrada da construção. Elas são colhidas à noite, manualmente, e a seleção e limpeza iniciais são feitas apenas por mulheres.
Compramos um tour coletivo, que é bem mais barato que o individual, mas excepcionalmente aquele dia havia poucas visitas agendadas no horário que escolhemos e, para nossa surpresa, o casal que nos faria companhia não apareceu, então acabamos fazendo uma visita particular sem pagar nada a mais por isso… o dia já estava começando bem. :)
Assim que nosso guia chegou, deixamos a recepção em direção ao interior da bodega. Nela são produzidos exclusivamente o Clos Apalta e o Borobo e na visita pode-se conferir todos os estágios da produção. A construção, inaugurada em 2006, impressiona tanto por fora quanto por dentro. Toda a produção segue uma lógica de gravidade através de 6 níveis por onde o vinho vai descendo até se formar por completo.
Aqui o cuidado com os detalhes chegou ao ponto de a empresa comprar ao menos 5 barris do carvalho mais antigo da França, uma árvore de 1650… ou seja, alguns exemplares do Clos Apalta foram envelhecidos em madeira de mais de 300 anos! Depois da primeira mescla, desce para mais 12 meses no próximo estágio. Uma nova mescla é feita e o vinho, já com seu corte característico, vai para o último estágio: a cave. Nessa sala, além das barricas que preenchiam as paredes, uma das coisas que mais chamava atenção era uma escada abaixo da mesa que levava à impressionante coleção privada da família Lapostolle. Uma visão deslumbrante!
Terminada a degustação, subimos novamente à recepção e, de lá, para o escritório, onde compramos uma garrafa de Cuveé Alexandre e tivemos nossa segunda surpresa.
O almoço é servido na parte superior da vinícola, porém um problema acarretado pelos terremotos sofridos no ano anterior fez com que o nosso almoço fosse transferido para a Casa Parrón, uma construção rústica de adobe no meio dos vinhedos nos cerros de Apalta. Nosso guia chamou um táxi que nos levaria até a Casa Parrón e combinamos com o taxista um valor para que ele também viesse nos buscar no final da tarde.
O seguinte foi uma curiosa mistura de caviar de salmão com sopa de abacate e brunoise de tomate. Achei estranho à princípio, mas na boca foi suave e maravilhoso.
E, para terminar em estilo bem chileno, empanadas de queijo e cebolinha francesa. Macias e saborosas como só me lembro de ter comido no Chile.
Vale anotar que o Casa Sauvignon Blanc aguentou bem todos esses aperitivos e ainda estava marcante na boca.
Depois, a entrada. Camarões especiados com pebre de mote (uma mistura chilena de ingredientes como coentro, abacate, cebola, azeite de oliva e alho com o "mote" que é o grão de trigo descascado e cozido) e salada bouquet. Uma delícia acompanhada pelo Cuveé Alexandre Chardonnay. Ainda guardo na memória o gosto daqueles camarões e quero muito um dia poder saboreá-los novamente.
Então veio o prato principal e, com ele, a estrela da festa: o grande Clos Apalta. Eleito o melhor do mundo pela Wine Spectator em sua safra de 2005.
Para saborear esse vinho maravilhoso eu escolhi um salmão com ervas e molho reduzido de merlot, quinoa primaveral e verduras assadas. Uma festa para os sentidos!
A Lu preferiu um filé bovino ao molho reduzido de cabernet com strudel de batatas e verduras assadas. E toda essa festa de sabores fez companhia perfeita com o Clos Apalta, que tem tanino e acidez suficiente para sustentar ainda mais!
Para finalizar, a sobremesa: Um blanco y negro (Branco de gengibre e negro de chocolate) com molho de frutas vermelhas, acompanhado do famoso Grand Marnier, licor da empresa feito na França.
O almoço foi sem pressa e se esticou pela tarde. Já estávamos “altos” depois de tantos vinhos quando o casal americano foi embora e ficamos apenas nós naquele lugar bucólico e maravilhoso. Então aproveitamos o tempo de sobra para passear pelo vinhedo de petit verdot que ficava bem à frente do restaurante.
Um dia de experiências sem igual. E ainda levamos o que sobrou dos vinhos para o hotel.
Vladimir, parabéns pela publicação! Continuem postando. Aguardo uma sobre a Grécia. Abraço!
ResponderExcluirGrande Mayer! Falarei sobre a Grécia muito em breve! ;) Obrigado pela visita e um grande abraço!
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