Nosso mochilão pela Argentina foi maravilhoso, mas nem tudo eram flores…
Com nossa intenção de subir de Ushuaia até o norte do país e finalizar
em Buenos Aires, sabíamos que enfrentaríamos longas viagens de ônibus, mas não
imaginávamos que o transporte seria tão precário. A impressão que tínhamos é
que todas as estradas estavam sendo construídas. Um país em obras. E mesmo as
cidadezinhas pelas quais passamos pareciam estar sendo projetadas para após o
término das estradas.
Rodamos no meio do nada. Paisagens maravilhosas. Outras desérticas. Em alguns
momentos guanacos, ovelhas, cavalos, uma vegetação linda… Em outros, caminhões,
tratores, obras…
Não conseguimos ônibus que fosse direto ao nosso destino. Tivemos que
voltar a Rio Gallegos, por exemplo, quando poderíamos ter subido direto para El
Calafate. Dificuldades que diminuíram nosso aproveitamento da viagem. Não fomos,
como pretendido inicialmente, à La Rioja, Salta, Córdoba… Não teríamos tempo.
Mas fomos a El Bolson, depois para Mendoza e Buenos Aires.
É bom dizer que essas dificuldades não diminuíram o prazer da jornada. É
verdade que em nossa primeira viagem longa de ônibus (de Ushuaia a El
Calafate), tivemos distração. Paramos várias vezes por conta da fiscalização de
fronteira, mas vimos pinguim, toniñas... e fui papeando com o Marco, um
holandês que sentou ao meu lado e que estava rodando a América do Sul. Gente
muito boa. Mostrou fotos ótimas! Estava viajando havia cinco meses.
Na volta de El Chaltén nosso papo foi com o Humberto, um brasileiro que foi
à Argentina para comprar um cachorro (!). Tínhamos encontrado ele antes, num
banco onde tentávamos trocar reais por pesos.
Já a viagem de El Calafate a El Bolson foi muito mais cansativa. Bem
mais longa. Passamos um dia e uma noite dentro do ônibus. Dormimos muito e
tivemos a sorte de ter duas poltronas para cada uma, já que estava vazio.
Mas, voltando a falar sobre as pessoas que passam por nós em viagens…
lembro da Verônica dizendo que é importante registrar esses momentos. Não tinha
o costume. E por vezes me arrependi, porque são pessoas que você vai lembrar
depois. De qualquer forma, estarão registradas na memória, como o Leandro do
Hostel Cruz del Sur, em Ushuaia, a Glória, que também conhecemos por lá, o
Marcos, do ônibus, e o Humberto, o brasileiro de El Calafate, natural de Leme,
em São Paulo. Entre tantos outros…
Minha maior dificuldade neste mochilão foi a noite congelante no
acampamento no Parque Nacional Los Glaciares, em El Chaltén, ao lado do Fitz
Roy (além da longa viagem rumo à El Bolson). Mas os bons momentos compensam, e
muito, o que parece desagradável.
A imagem do acampamento à noite, aquele céu estrelado e a paisagem que
tínhamos à nossa frente, dos glaciares, como uma pintura, são indescritíveis.
Qualquer esforço vale aquele prazer. Daí, o que parece ruim é apenas um detalhe.
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