La Fuente de los Candados
Virou uma mania prender cadeados numa ponte com as iniciais dos amantes. Diz a lenda que o casal que segue essa tradição ficará junto para sempre. E assim acontece em várias pontes pelo mundo. Como em Roma, onde os enamorados prendem seus cadeados na Ponte Milvio, atirando a chave no Rio Tiber.
Ou era assim que faziam, já que as autoridades livraram a ponte desse peso. Em Paris, a Pont des Arts também é eleita e as chaves são jogadas pelos apaixonados no Rio Sena, como símbolo do compromisso. Lá também a Prefeitura está preocupada com o peso que esses cadeados exercem na estrutura, que pode desabar.
Na falta de uma ponte, Montevideo, no Uruguay, possui uma fonte – La Fuente de los Candados, localizada na esquina da Avenida 18 de Julio com o Paseo Yi, em frente ao restaurante Facal. A fonte foi importada do México e os proprietários do restaurante decidiram dar a ela uma utilidade turística. Foi lá que colocamos um cadeado com nossas iniciais. O Vlad levou o cadeado com as duas chaves (como ele é vendido).
Deixarei ele falar sobre o significado disso (aqui, logo abaixo) e as intenções em fazer, mas adianto que sou pouco romântica para essas situações e quase estrago tudo. Me questionei se era mesmo necessário jogar as chaves na fonte. É como se ficássemos presos um ao outro pro resto da vida e isso pra mim não soa nada romântico, já que estou com ele porque nos amamos e, se um dia isso mudar, não quero que algo nos prenda na relação (além do amor, claro).
Pensando desta forma, não haveria razão em seguir com o gesto, disse ele. Mas, deixando meu lado racional (geminiano) de lado, e conseguindo voltar à simbologia do ato, curti deixar lá nossas iniciais.
Taí o registro!
Postado por Luciana de Melo
Os cadeados do Amor
A moda de selar o amor eterno com cadeados tem pelo menos 100 anos e nasceu na Sérvia, na cidade de Vrnjačka Banja, a 200 quilômetros de Belgrado.
Nada, uma jovem apaixonada por Relja, um militar que teve que partir para a Grécia durante a Primeira Guerra Mundial, todo dia ia até a ponte Most Ljubavi (literalmente a Ponte do Amor), onde costumava se encontrar com seu amado que, tendo se apaixonado por outra mulher, nunca mais voltou. E Nada acabou morrendo de amor.
Como as mulheres jovens da cidade queriam proteger seus próprios amores, elas começaram a escrever seus nomes e de seus amados em cadeados e fechá-los nas grades da ponte onde Nada e Relja se encontravam antes. E a história me parece mais trágica do que romântica.
Sim… eu sou romântico (como todo típico libriano), mas concordo com a Lu quando ela diz que não há nada de romântico em amarrar com um cadeado o destino de duas pessoas. Afinal, amor também é liberdade!
Para mim, fechar um cadeado faria muito mais sentido se cada um carregasse consigo a sua chave ao invés de jogá-las na fonte. Isso adicionaria um novo significado ao ato… o de que qualquer um dos dois poderia, um dia, voltar à fonte e usar sua chave para abrir o cadeado. Afinal, amor também pode terminar…
Mas confesso que gostei de deixar lá o nosso cadeado. E o que me levou a fazer isso, além da própria simbologia da coisa, é o mesmo que me levaria a jogar uma moeda na Fontana di Trevi, ou enfiar a mão na Boca della Veritá em Roma: cultura. Participar de um costume local.
Diferente das pontes em Roma e Paris, os cadeados da Fuente de los Candados foram aproveitados como um atrativo turístico e não causam nenhum transtorno. Então, colocar lá o cadeado é mais do que professar seu amor, é também participar de alguma forma dessa história.
E no nosso caso, o cadeado foi útil e nos acompanhou durante os mais de 20 dias da nossa viagem, por isso achei legal deixar ele lá como uma marca nossa. Uma lembrança da nossa passagem por esse país agradável. Acho que esse, para mim, foi o melhor dos significados.
Postado por Vladimir Araujo
Você aceita um convite inesperado?
São
poucas as pessoas que respondem a um convite assim.
Por
desconfiança. Temor, talvez. É natural. Principalmente se vier de alguém
desconhecido.
Na
viagem que fiz à Espanha, fomos surpreendidos por uma senhora em uma rua de
Madrid, que nos convidou para almoçar em sua casa.
Estávamos
caminhando num grupo de oito pessoas, perto do horário de almoço, quando
cruzamos com ela. Trazia uma sacola com um pão dentro.
Perguntou
se não queríamos almoçar, já informando o prato: macarrão.
Os
meninos se adiantaram, aceitando de pronto, mas uma das meninas ficou com medo.
Fiquei também com receio, era uma situação inusitada, mas acabamos aceitando.
Ao
entrar no prédio, perguntei se ela morava sozinha (pra medir o grau de
perigo...). Respondeu que eram só ela e o gato.
O
prédio antigo, embora bem conservado, me remetia a filmes como O Bebê de
Rosemary... Ela subiu sozinha no elevador, pequeno para tanta gente. Subimos
pela escada.
Chegando
ao apartamento, havia uma travessa de macarrão no forno, incrementado com
vários ingredientes, demonstrando que ela pretendia mesmo convidar alguém para
o almoço. Se não fosse nós, seria outro grupo de jovens da JMJ (Jornada Mundial
da Juventude). Madrid estava cheia deles, um milhão e meio no total, que foram
à cidade para o encontro com o Papa Bento XVI.
Comemos
bem (os meninos repetiram), tivemos refrigerantes como acompanhamento, melão
geladinho como sobremesa (ótimo para um calor de 40 e poucos graus) e ainda
chocolates. Quase acabamos com os chocolates da Rosa Maria. Este era o nome
dela.
Na
despedida, ela pediu que rezássemos pelo seu irmão, que era esquizofrênico.
Neste
momento entendi o gesto dela, que a princípio causou desconfiança.
Era
só uma pessoa sozinha, cristã, que queria fazer parte daquele evento de alguma
maneira, que gosta de compartilhar, que se doa de alguma forma e que acredita
na fé que pode curar.
Aquele
almoço fez bem a todos.
Ao
aceitarmos o convite, melhoramos o dia da Rosa Maria.
E
também o nosso.
Postado por Luciana de Melo
Epharistó
Fomos para Atenas, eu e minha amiga Teka, no meio de nossa viagem para a Europa em 2009. Era fim de primavera e o sol estava castigando no caminho que leva até a Acrópole. Assim que entramos na Dionysiou Areopagitou, a longa rua que sobe até o Propileu, portal de entrada para a Acrópole, escutamos uma música que enchia todo aquele lugar. Caminhando mais um pouco encontramos um senhor tocando um rebec, um tipo medieval de rabeca. Paramos por um instante perto dele para ouvirmos a música. O som do instrumento me levava para algum lugar distante no tempo e a melodia suave e melancólica deixava o caminho árduo mais agradável para seguir. A Teka colocou uma moeda em sua cuia e ele agradeceu bem baixinho, como se não quisesse macular a música.
Seguimos adiante, e aquele som nos acompanhou até a passagem do Propileu. Fechando os olhos, era como se não fosse mais 2009 e sim um dia qualquer no tempo em que aquelas escadarias eram a porta de entrada de uma sociedade efervescente. Uma bela maneira de entrar na Acrópole.
“Epharistó”, ele disse… e quem deveria dizer obrigado era eu.
Postado por Vladimir Araújo
Postado por Luciana de Melo
Epharistó
Fomos para Atenas, eu e minha amiga Teka, no meio de nossa viagem para a Europa em 2009. Era fim de primavera e o sol estava castigando no caminho que leva até a Acrópole. Assim que entramos na Dionysiou Areopagitou, a longa rua que sobe até o Propileu, portal de entrada para a Acrópole, escutamos uma música que enchia todo aquele lugar. Caminhando mais um pouco encontramos um senhor tocando um rebec, um tipo medieval de rabeca. Paramos por um instante perto dele para ouvirmos a música. O som do instrumento me levava para algum lugar distante no tempo e a melodia suave e melancólica deixava o caminho árduo mais agradável para seguir. A Teka colocou uma moeda em sua cuia e ele agradeceu bem baixinho, como se não quisesse macular a música.
Seguimos adiante, e aquele som nos acompanhou até a passagem do Propileu. Fechando os olhos, era como se não fosse mais 2009 e sim um dia qualquer no tempo em que aquelas escadarias eram a porta de entrada de uma sociedade efervescente. Uma bela maneira de entrar na Acrópole.
“Epharistó”, ele disse… e quem deveria dizer obrigado era eu.
Postado por Vladimir Araújo
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