sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

O que te leva ao primeiro passo?

A comunidade “Eber, quero fazer um mochilão”, do Orkut, reunia o pessoal em torno do tema “viagens” e por isso mesmo havia lá ótimos álbuns com o tema. Pensando nisso, um dia inventamos um concurso de fotos de mochilão em um dos encontros que fazíamos. No concurso, foi decidido que as fotos deveriam entrar em 4 categorias: paisagem, cidade, pessoas e nonsense. Não sei como chegamos a essas categorias, mas o pessoal conseguiu juntar ótimas fotos de suas viagens com esses temas.

Foi lembrando isso, essa divisão das fotos em categorias, que comecei a pensar nas coisas que me motivam a fazer uma viagem. O que esperar dela? Por que escolher esse destino e não outro?

Sei que cada um tem as suas motivações. Várias delas. E algumas podem ser mais fortes que outras. Eu tenho as minhas:


Natureza

Não era minha prioridade, minha vontade de viajar sempre teve mais relação com história. Mas depois de algumas viagens que fiz, comecei a ver a natureza com outros olhos… e me apaixonei por isso! A natureza deslumbra, enche os olhos e mexe com todos os outros sentidos. E em todos eles eu guardo lembranças de lugares por onde passei… Desde o profundo azul do mar Egeu até a neve no topo de um vulcão no Chile. Ou mesmo uma vastidão de areia numa praia do Uruguai… a lua surgindo no mar… o céu estrelado de Monte Verde… Momentos de contemplação que não cabem em uma foto. Aliás, devo sempre lembrar que fotos são importantes, sim, pois o que é belo merece ficar registrado de alguma forma, mas em primeiro lugar deve vir sempre a contemplação. Sei que perdi momentos de imersão na natureza pela preocupação em tirar o máximo possível de fotos. Agora, no entanto, tento agir de maneira diferente. Primeiro encho meus olhos. Depois as lentes da câmera.

Cordilheira dos Andes

Playa Sur em Cabo Polonio - Uruguai

Isla Negra - Chile

Ojos de Caburga - Pucón - Chile

Baía de Paraty - RJ

Mar Egeu em Santorini - Grécia

Vulcão Villarrica - Pucón - Chile


História

Sempre fui apaixonado pela mitologia grega e um dos meus sonhos de garoto era conhecer a Acrópole de Atenas. Durante muitos anos amadureci essa ideia, até que em 2009, enfim, fui para lá. E a sensação de sentar nas arquibancadas do Teatro de Dionísio e sentir ali a atmosfera de dois mil anos de história é um daqueles momentos que vão estar sempre registrados em um lugar especial na minha memória. Era como se aquelas arquibancadas estivessem esperando vinte séculos pela minha presença. É fantástico conhecer in loco onde a história aconteceu. A sensação de visitar um museu, uma rua ou uma cidade e ver com os próprios olhos as marcas da história é uma delícia. Adoro história! E obra humana que sobrevive ao tempo é fascinante e merece ser conhecida.


Àgora Antigo - Atenas

O Coliseu - Roma

Foro Imperiali - Roma

Mariana - MG

Ouro Preto - MG

Entrada do Panteon - Roma

Arquibancadas do Teatro de Dionísio Eleutério - Atenas


Cidades

Buenos Aires, Montevideo, Santiago, Paris, Roma, Atenas, Campos do Jordão, Belo Horizonte, São Paulo… Toda cidade tem algo de peculiar que chama nossa atenção e mexe com nossa curiosidade. É uma experiência sempre nova conhecer ruas, parques, arquitetura, movimento, trânsito, lojas, vida noturna, idiomas… Coisas que são tão diferentes em cada lugar que vamos e que justamente por isso nos fazem crescer mais quanto mais conhecemos. E é gostoso e importante, também, interagir… mergulhar no cotidiano desses lugares, se misturar às pessoas. Se jogar no mundo!


O antigo e o novo em Atenas

Igreja de São Francisco de Assis e a Lagoa da Pampulha - Belo Horizonte - MG

Caminito - Buenos Aires

Parlamento Uruguaio - Montevideo

Piazza Navona - Roma

Santiago emoldurada pelos Andes - Chile

As casas coloridas de Valparaiso - Chile


Gastronomia

Comer também é um ótimo pretexto para viajar. Seja para experimentar sabores exóticos ou se deliciar com pratos típicos. E vale de tudo, desde comidas de rua a restaurantes tradicionais com o melhor de cada país. Sei que aqui em São Paulo dá para encontrar comida de qualquer lugar, mas nada se compara a experimentar a comida em um ambiente típico. Faz muita diferença comer um fondue em uma cidade de montanha, experimentar um vinho especial no meio de um vinhedo no Chile, comer um bife de chorizo numa rua de Buenos Aires ou até comer um churrasco grego numa praia de Santorini. Porque comida também é cultura… é a cultura de um povo em forma de sabor.


Um suculento assado em Montevideo

Bife de chorizo numa noite de tango em Buenos Aires

Camarões ao molho de limão em Colonia del Sacramento

Um almoço delicioso à beira do Pacífico em Isla Negra

Mote com huesillos - Bebida típica de verão em Santiago

Uma pizza esquisitíssima em Roma

Terremoto em La Piojera - Um dos drinks mais estranhos que tomei em um dos lugares mais pitorescos que visitei


Cultura

Fomos para o Uruguai no começo do ano e era época do Candombe, que é o Carnaval de lá. Em Colonia del Sacramento, tivemos a oportunidade de assistir a “Fiesta de Llamadas”, um desfile de blocos de Candombe. Muito longe de ser como o nosso carnaval, mas foi curioso presenciar a festa de um outro povo. Assim como foi interessante ver a troca da guarda no parlamento de Atenas, assistir um espetáculo de tango numa noite em Buenos Aires ou ver uma missa do Papa na Piazza San Pietro no Vaticano. Ter o oportunidade de conhecer e vivenciar, sempre que possível, os costumes e a cultura de um lugar, enriquece qualquer viagem.


Troca da guarda no parlamento de Atenas

Candombe em Colonia del Sacramento

Num cassino em Punta del Este

Colocando nosso cadeado na Fuente de los Candados em Montevideo

Uma noite de Tango no Esquina Carlos Gardel em Buenos Aires
Missa do Papa Bento XVI na Basílica de San Pietro no Vaticano


Pessoas

Por último, mas não menos importante, há as pessoas. Sim, conhecer pessoas e seus costumes é uma ótima experiência de viagem. Aqueles amigos instantâneos de que a Verônica fala, pessoas que passam pela sua vida tão rápido, mas o suficiente para deixar um pouco mais de experiências nos lugares por onde você passa. Ou então apenas aquelas que a gente observa em nossas caminhadas.


William. Nosso garçon na Casa Parrón da Lapostolle...

... e o casal de americanos que aproveitou conosco aquela tarde

Garotos vendendo pinhão em Monte Verde
O guarda suíço do Vaticano...

... e os Carabineros de Chile

A simpatia da Juliana que fez ainda mais agradável nossa degustação na Bodega Narbona

Turminha animada e os nossos guias em Pucón

Francis e Maria. Casal simpático num almoço em Roma

O artista em seu ateliê na praça de Santiago


E você? Também tem seus motivos para viajar? Ou aquelas coisas que não podem faltar nos lugares onde vai? O que te empurra para dar o primeiro passo?

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Prazeres da vida



Parque Nacional Los Glaciares, El Chaltén

O bom da vida é provar um bom vinho, ir a um bom restaurante e hospedar-se em um bom hotel, mas igualmente curtir um jantar improvisado num acampamento, num quarto de albergue ou um lanche num parque qualquer. Não tenho problema em me adaptar em ambientes diversos. Banho gelado? Enfrento! Acampar com dez graus negativos? Ok! Pousada sem energia elétrica? Sem problema. Vinte horas de viagem de ônibus? Vambora! Que chato seria se eu me privasse de momentos especiais só porque não quis passar frio, calor, fome ou cansaço. 

Parque Nacional Tierra del Fuego, Ushuaia
Hoostel em El Calafate
Hostel em Ushuaia
Uma das muitas viagens de ônibus.







































Quando acampamos no Parque Nacional Los Glaciares (em El Chaltén, na província de Santa Cruz, Argentina), eu e a Mônica dormimos em uma barraca e a Verônica em outra. O saco de dormir da Mônica era o mais poderoso. O meu e o da Verônica não suportavam tão baixas temperaturas. Acordei três horas depois de dormir e não consegui voltar ao sono. Minha perna doía de frio. Foi a única vez em que tive dor de ouvido, por conta da friagem. Nunca passei tanto frio na vida!
Escolhemos um ponto para montar as barracas e três rapazes já estavam acampados. Foram embora naquele dia. Um deles alertou sobre os ratones que existiam por lá. Aconselharam que pendurássemos as sacolas com alimentos num varalzinho improvisado entre as árvores, já que os bichos eram capazes de rasgar barracas e mochilas em busca de comida. Traduzi “ratones” como enormes ratazanas e na escuridão da noite, apenas com lanternas de cabeça, a qualquer ruído eu imaginava os ratones em meus pés. Só depois fui saber que nada mais eram do que camundongos, pequenos ratos do mato.

Obviamente também não havia banheiro, apenas um buraco no chão, a chamada latrina (ou letrina, em espanhol). Mas o frio, o medo dos ratones, tudo foi compensado pela beleza do lugar, a imagem do monte Fitz Roy à noite, o gelo no pico nevado refletindo a luz da lua... E nós três sentadas num tronco de frente para a montanha, grudadas umas às outras, impressionadas pela paisagem. 

Parte do Fitz Roy, El Chaltén
Pois é, quem só viaja com conforto, jamais vai viver um momento como esse. E talvez isso nem faça diferença pra alguns. Pra mim fez e sempre fará! E daí fica difícil voltar ao meu mundinho e não lembrar a imensidão de vida que existe além da janela.


Chegando ao Parque Nacional Los Glaciares

Parque Nacional Los Glaciares

A indicação do banheiro. É isso ou é isso.

Montando acampamento

Pasta, queijo e vinho... hahaha

Meus passos, fotografados pela Verônica

Lindas paisagens, um presente para os olhos